Precisamos reverter o processo de apodrecimento dos nossos cérebros.
Estamos perdendo a guerra mental sem nem perceber que havia uma. E talvez seja exatamente esse o sintoma mais preocupante.
Desde a escalada do Google, estamos terceirizando nossa memória para um HD externo. “Não se preocupe… Qualquer coisa você dá um Google”.
A ideia parecia libertadora: menos esforço para lembrar, mais energia para pensar. Mas esquecemos que a memória não é só armazenamento — é identidade, é conexão entre passado e presente.
Ter toda a informação do mundo a um clique de distância nos deixou relaxados.
A memória tornou-se algo opcional e relativamente pesado de se carregar num mundo que anda tão rápido.
A leveza virou amnésia. O conforto virou fragilidade cognitiva.
Mas agora estamos no ápice da fase 2 desse processo de putrefação cerebral.
A mente já não só esquece — ela se recusa a ir fundo.
Nos tornamos completamente intolerantes à profundidade das coisas.
Tudo nos entedia rapidamente, tudo parece longo, lento, arrastado.
Não se trata apenas de distração. É uma repulsa ativa a tudo que exige mais do que cinco segundos de atenção.
Consumimos cortes, shorts, selfies, stories… apenas cacos da realidade.
A realidade virou feed. A narrativa virou recorte. A experiência virou swipe.
Fomos então silenciosamente condicionados para, na velocidade de uma passada de dedo, receber sempre um fragmento de informação customizada para nosso vício, disparando pequenas doses de alegria, raiva, vontade, inveja e por aí vai.
O prazer não vem mais da descoberta, mas do impulso. Cada toque entrega uma emoção mastigada, pronta para uso.
Um vape digital tragado em puffs a cada 30 segundos (ou menos).
A mente fuma estímulos como um adolescente entediado num canto da escola.
Ironicamente, na era da hiperinformação, fomos todos dragados para o poço da superficialidade.
Nunca tivemos tanto, nunca fomos tão pouco.
O ponto é que um ser humano sem memória e sem profundidade torna-se presa fácil.
É jogado de um lado pra outro ao ritmo de um algoritmo.
Segue o fluxo, perde o eixo. E nem percebe.
E serão as vítimas mais óbvias das máquinas superinteligentes que já estão por aí.
Porque enquanto você tenta lembrar onde viu aquele vídeo, a máquina já escreveu o próximo.
(isso foi um teste: Parabéns se você leu até aqui! 85% dos outros humanos devem ter passado direto. Dê um like para eu saber que você leu?).
E se esse texto foi legal pra você, dá uma olhada neste aqui:
criei um sistema de análise macroeconômica para embasar ações visando o desenvolvimento econômico e, evidentemente, os principais clientes são os governos.
invariavelmente, a abundância de dados disponíveis, possibilita uma análise riquíssima, abrangente, multi-dimensional, que impressiona e evidencia as possibilidades de atuação em todas as escalas.
infelizmente, os mais de 100 painéis, em vez de incentivar a busca por alternativas, faz com que o usuário simplesmente utilize o suporte para responder as mais simples questões, de preferência em forma de gráfico, com pouco ou nenhum texto.
ainda pior é saber que provavelmente não seriam capazes de identificar um erro, caso fosse transmitido.