E aqui estamos…. Livres para escolhermos o que quisermos mas aprisionados na vala da hiperdecisão.
Todos os dias alternativas novas se empilham a nossa frente e o tempo para decidir é cada vez menor. O hiato reflexivo entre o fato e a escolha encurta-se um pouco mais a cada dia.
Não a toa a ansiedade é o estado interno coletivo: a sensação de estar sempre perdendo o todo, por nunca realmente ficamos de bem com apenas uma parte.
O presente nunca é suficientemente magnético ao ponto de vencer a atratividade da próxima coisa.
O presente perdeu seu encanto. Virou apenas um meio para a próxima coisa. Uma ponte.
O presente é um eterno obsoleto.
Neste sentido, percorremos a vida num constante estado prototípico de decisões, não “travando” nada como definitivo, apenas nos apossando temporariamente de um espaço decisório.
Na prática, hoje vivemos todos de aluguel.
Alugamos um emprego, um posicionamento, uma opinião, uma vontade, um desejo, um relacionamento ao sabor de um contexto conveniente.
Todas as escolhas são temporárias, efêmeras. Já nascem disputadas pela ansiedade do próximo.
O problema é que no mundo do aluguel, você não cuida daquilo como se fosse realmente seu. Faz o que é bom para você, mas se encher o saco você troca.
Manter-se na “escolha-não-escolha” é estratégia de minimizar frustração.
Por isso que o mundo nos transparece essa sensação de caos… pessoas apenas estão, mas daqui a pouco já partiram para outra. De acordo com sua “liberdade” de trânsito.
Precisamos de mais escrituras e menos contratos de aluguel. O dono sempre vai ter que resolver o problema de encanamento, não dá pra fugir.