E assim caminhamos diariamente pelo buffet infinito de possibilidades.
1 hora por dia, entramos num salão digital repleto de ansiedades deliciosas, nos hipnotizando pelos seus cheiros, gostos, prazeres sem limite.
Ao rolar de um dedo, ideias e ilusões digitais que parecem ingênuas, bobinhas, mas que quando cultivadas diariamente, tornam-se parte integrante do nosso modelo mental. Um modelo mental onde o tudo nunca será o bastante.
A Gula é o pecado capital para aqueles que zombeteiam pelas vias digitais.
Mas, neste ponto, otimistas dirão que muita informação e alternativas são uma coisa boa porque nos dão liberdade de escolha. Afinal, nunca fomos tão livres,né?
Será mesmo?
Invariavelmente, muitas alternativas geram sobrecarga no nosso sistema de processamento decisório. Muita coisa para ser avaliada o tempo todo, deixa tudo mais lento.
Só que isso tem um limite.
Quando o número de alternativas excede a nossa capacidade de análise, o sistema entra em curto-circuito: Alternativas incríveis inundam nossa realidade a cada minuto mas nosso modelo de processamento que não dá conta da vazão avaliar e decidir. Perdemos o senso de assertividade.
E dentro desta abundância descontrolada, algo acontece: As polaridades se invertem. Toda a maravilha da abundância de ganhos torna-se agonia interminável de perdas.
Num sistema em sobrecarga, cada novo estímulo digital dispara o gatilho de risco da perda e não de vantagem do ganho.
Você até acha que está querendo ganhar mas na verdade só não quer perder. Não quer ficar para trás.
Como já deve ter percebido em sua vida, a dor da perda é sempre maior do que o prazer do ganho. Uma dura, persiste, incomoda. A outra passa rápido. Adivinha qual é qual?
Temos portanto um cenário de “escolhas infinitas” que dispara uma sensação de perda infinita.
Por isso, não precisa ir muito longe pra entender porque ansiedade é o grande mal do século XXI.
Ansiedade é o medo antecipado de perder.
E perdendo todo dia ninguém pode estar realmente feliz.
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Dia 9: Zona de desconforto
Esse lance de “saia da zona de conforto” é mais uma daquelas coisas motivacionais vazias que a gente repete sem pensar.