A linguagem das máquinas sempre foi a do código.
Um dialeto restrito a poucos, confinado numa interseção linguistica complexa que combina lógica com matemática.
Sua interface confinada em um “back”, sempre afugentou os não-iniciados com suas telas escuras repletas de linhas indecifráveis aos mortais.
E assim com uma nova religião, a tecnologia floresceu. Protegida pelo reservado dos porões dos mosteiros advindos da Idade Média, onde apenas alguns poucos ( e valorizados) dominavam sua linguagem.
Estabeleceu-se um “tecno-clero”, que se separava dos mortais do “tipo rebanho” por sua escassa habilidade excludente de se comunicar diretamente com esses novos Deuses. Apenas eles poderiam conjurar milagres.
Agora, algo mudou. Com a IA, os Deuses passaram a entender a língua dos mortais.
Gradualmente e de repente, as linhas de código tornaram-se linhas de texto.
As sagradas máquinas, que antes apenas entendiam o “latim”, agora reagem a todos apelos mortais por meio da mecânica dos prompts construídos em sua “linguagem natural”.
Os milagres, antes uma exclusividade dos “gatekeepers” agora se multiplicam. Qualquer um, com um pouco de vontade e dedicação, pode realizar milagres em sua própria casa.
Agora, santo de casa faz milagre.
AI não é apenas uma tecnologia exponencial.
É a completa desintermediação do poder divino da tecnologia.
O poder da tecnologia nunca foi tão forte. O Clero nunca foi tão fraco.
Se você é Clero tem que entender mais de mortais. Se você é mortal tem que entender mais de milagre.